terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

um dia comum e especial

Pela sacada do ateliê aberta por sobre a rua, percebo o fluxo aéreo de nuvens e o vento no frondoso e altivo pé de oiti. Sua copa além de derramar uma sombra generosa sobre a rua, amenizando o inclemente sol de verão, abriga imensa diversidade de pássaros e insetos e a itinerante visita de micos-estrela e macacos-prego, o que por vezes me leva a esquecer um pouco a urbanidade logo abaixo.
Da rua ouço vozes e a agitação das crianças na creche ao lado. Tanto as nuvens quanto o pé de oiti vêm tomando minha atenção ultimamente, e enquanto trabalho na edição de um vídeo ou em notas sobre os trabalhos, aciono a câmera que vai capturando outros fluxos e sons que vão aderindo à cena - tudo se mistura na captura direta, como o ensurdecedor ruido de uma britadeira ou o canto de algum pássaro, contrapontos que a cidade pode oferecer.


O tempo lento do passar das nuvens, a movimentação de pequenos insetos e pássaros que transitam pelos galhos. Uma leve brisa ou as fortes rajadas de vento que vem varrer a copa e fazer chover milhares de folhas miúdas que caem como confete sobre a calçada criando um fino tapete me enchem de energia, e assim vou acumulando imagens para futuras edições.


Penso que criar é efetivar aquilo que surge como potência, é efetuar o processo e não detê-lo em metas e correções, é deixar fluir o tempo, e só depois então, ter a consciência da realização de uma vontade - assim, acolho os acontecimentos.

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