segunda-feira, 22 de agosto de 2011

nota sobre santas rainhas princesas e trânsito 4b na mostra cotidiano&mobilidade:

No próximo domingo, dia 28 de agosto, termina a exposição do grupo cotidiano e mobilidade, em cartaz na galerias 1 e 2 da EAV-Parque Lage.

Os trabalhos apresentados por mim  na exposição, partiram do mapeamento das linhas de ônibus - num total de 25 linhas -, que trafegam pela  rua Jardim Botânico; grande via localizada no bairro de mesmo nome e que faz a ligação entre outros bairros da cidade do Rio de Janeiro.¹ Minha ligação com essa rua se dá por dois motivos; pelo fato de morar em uma de suas transversais e por frequentar a EAV-Parque Lage onde dou aulas de arte para crianças e participo de cursos e oficinas, localizada no nº 414.

Durante o processo de mapeamento e pesquisa, algumas mudanças ocorreram, como a uniformização da cor dos ônibus e pequenas alterações nas rotas e nos números das linhas. No entanto, o serviço em si, continua muito ruim. Não há uma fiscalização efetiva nas ruas por parte da Prefeitura nem melhora no trânsito. Os poucos fiscais presentes em alguns pontos, são empregados das concessionárias, e ali se encontram somente para regular o tempo gasto pelos motoristas entre determinados pontos.
É visível o estresse e a agressividade em muitos motoristas e cobradores. O tráfego pesado aliado à falta generalizada de educação para o trânsito, são ingredientes para que as viagens se tornem cansativas ou mesmo tomarem por vezes ares de aventura; quando, diante de pistas livres, os motoristas imprimem grande velocidade no intuito de querer descontar o tempo perdido.

Durante a cobertura dos itinerários, descobri a massiva presença de nomes masculinos nas vias e logradouros em geral.  Apenas dois túneis, um viaduto, um largo, três avenidas e doze ruas levam nomes de mulheres. Por conta disso, um dos trabalhos da mostra procurou assinalar essa dissonância. Trata-se do vídeo Santas rainhas princesas, elaborado a partir da fotografia de um ônibus, cujo letreiro revela os nomes de mulheres mapeados. 

Também foram selecionados para a mostra dois trabalhos em serigrafia, dispostos lado a lado na galeria, apresentados em display de madeira utilizados em bancas antigas de jornais e em casas lotéricas. O primeiro grupo, apresenta serigrafias impressas sobre seleção de matérias jornalísticas que se relacionam com a questão do trânsito na cidade do Rio de Janeiro. No segundo display, as serigrafias impressas sobre folhas de papel jornal apresentam composições gráficas que se relacionam com os percursos percorridos.
As cores e texturas da tinta dialogam diretamente com as cores das placas de sinalização e do asfalto que recobre as vias. A leitura dos textos dos jornais que restam visíveis sob a intervenção, se desdobram e criam uma fricção com questões que envolvem o próprio sistema da arte.

















¹. Dentre as 25 linhas, uma faz a ligação entre o bairro da Gávea e o de Icaraí na cidade de Niterói. Somente o percurso da linha do metrô de superfície não foi mapeada, ainda que o dito metrô de superfície não passe de um ônibus.